Não, não, não pretendo falar do curta-metragem, os Sapatos de
Aristeu, de René Guerra, nem do livro Angústia, de Graciliano Ramos em que
predomina preconceito e retrata a alma dilacerada respectivamente, e como
pessoa que fala, de vez em quando me torno um ser inefável, porque não analiso
as coisas sob sua verdadeira ótica e o silêncio impera.
Todo momento constato
que sou tal qual o filósofo Sócrates, sei que nada sei – e o saber de nada
quando aplicamos? Nem sequer imagino. Retorno aos primórdios e vejo que a
humanidade extravasou conceitos desde que aparecera o primeiro homem no
paraíso. Não vou conceituar Guerra e Mestre Graça como geniais. Nós, sim, é que
não estamos nesse patamar, mas também somos gênios de tentar praticar um dos
pilares da educação, o conviver. Nós nos apossamos da única coisa que nos é
dada: o discernimento da vida.
O que eu quero
falar é tão delicado, é tão delicado quanto o respirar. E eu queria ser tão
essencial como o oxigênio e ter a delicadeza da orquídea, mas tenho o lado
rústico do mulungu, que é o que me salva e sou capaz de enfrentar todo tipo de
intempéries.
Deixa para lá e vou falar de “pré
conceito”.
Não.
Preconceito no sentido denotativo é a opinião ou pensamento acerca de algo ou
de alguém cujo teor é construído a partir de análises sem fundamentos, sendo
preconcebidas sem conhecimento e/ou reflexão e caio na teia de espalhar
o conceito de persona non grata;
Vou dizer
o que aprendi na escola da vida.
Quanto as
pessoas são mesquinhas de alma. Pior! Estou inclusa, mas a vida me oferece
oportunidades, portanto, analiso, reanaliso, invento, reinvento conceitos e
preconceitos e me identifico além da conta com um dos apóstolos que jamais
pensou que o negaria. E Cristo disse antes do galo cantar tu me negarás três
vezes, então sempre peço ao nosso pai misericordioso que não me deixe cair na
vaidade de Pedro e errar mais do que qualquer um outro.
Temos o
péssimo hábito de ouvir um elogio ou um verbete pejorativo e tento
esculpir um anjo ou um demônio.
Aquela pessoa é
maravilhosa, e a partir daquele momento eu não a conheço, mas faço a propaganda
das suas virtudes.
Ouço os
seguintes adjetivos pejorativos e não sei o porquê aquela pessoa que não tive o
privilégio da convivência, abruptamente há uma repugnância e ela se torna uma persona
non grata.
O tempo,
o tempo, o tempo... Somente o tempo mostra a verdadeira face.
E aquela pintura
rabiscada que me foi vendida não era sem nota fiscal, era um ser humano valioso
repleto de virtudes e defeitos, mas as virtudes compensavam suas
características não apreciáveis, é um tesouro de valor incalculável porque sua
essência tem virtude angelical.
Os escritos
relatam que as máscaras existem desde a pré-história, quando o homem ainda não
havia criado a escrita.
Hoje, a máscara é
usada em bailes, desfile de carnaval, festas à fantasia, e na sociedade em
diferentes profissões: os médicos, enfermeiros e dentistas usam máscaras
cirúrgicas, protegendo a si e aos pacientes.
O
soldador protege-se das fagulhas com máscara metálica.
Os
bombeiros utilizam máscaras especiais.
No esporte, o
esgrimista, o jogador de futebol americano e o lutador de boxe olímpico não
pode entrar em combate sem sua máscara.
Mas, a
máscara também serve para a construção de uma identidade, de um imaginário
acerca daquela função na sociedade, o que remete, ainda que de forma longínqua,
às antigas máscaras gregas que serviam para dar rosto aos personagens que
representavam pela expressão o papel de cada um.
O mais surpreendente é
que, depois de uma minuciosa pesquisa, o enigma continua e só a convivência
desmascara.
Embora eu saiba que o agreste oferta a beleza da flor do mandacaru eu
questiono a dureza do seu espinho. E se continuo até hoje com conceitos e
preconceitos, é defeito, sou humana.
Tenha certeza que a vida é bela e a maturidade me fez enxergar sob outro
prisma porque a medalha tem verso e reverso.
Seja o ser com discernimento e não conceitue o que não conhece, pelo menos
oportunize o conceito da dúvida.
Publicado em: https://www.portalescritores.com.br/texto/6447
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