quinta-feira, 31 de agosto de 2017

PRECONCEITO OU PRÉ-CONCEITO?




           
        
           Não, não, não pretendo falar do curta-metragem, os Sapatos de Aristeu, de René Guerra, nem do livro Angústia, de Graciliano Ramos em que predomina preconceito e retrata a alma dilacerada respectivamente, e como pessoa que fala, de vez em quando me torno um ser inefável, porque não analiso as coisas sob sua verdadeira ótica e o silêncio impera.
        Todo momento constato que sou tal qual o filósofo Sócrates, sei que nada sei – e o saber de nada quando aplicamos? Nem sequer imagino. Retorno aos primórdios e vejo que a humanidade extravasou conceitos desde que aparecera o primeiro homem no paraíso. Não vou conceituar Guerra e Mestre Graça como geniais. Nós, sim, é que não estamos nesse patamar, mas também somos gênios de tentar praticar um dos pilares da educação, o conviver. Nós nos apossamos da única coisa que nos é dada: o discernimento da vida.
         O que eu quero falar é tão delicado, é tão delicado quanto o respirar. E eu queria ser tão essencial como o oxigênio e ter a delicadeza da orquídea, mas tenho o lado rústico do mulungu, que é o que me salva e sou capaz de enfrentar todo tipo de intempéries.
             Deixa para lá e vou falar de “pré conceito”.
             Não.
            Preconceito no sentido denotativo é a opinião ou pensamento acerca de algo ou de alguém cujo teor é construído a partir de análises sem fundamentos, sendo preconcebidas sem conhecimento e/ou reflexão e caio na teia de espalhar o conceito de persona non grata;
            Vou dizer o que aprendi na escola da vida.
            Quanto as pessoas são mesquinhas de alma. Pior! Estou inclusa, mas a vida me oferece oportunidades, portanto, analiso, reanaliso, invento, reinvento conceitos e preconceitos e me identifico além da conta com um dos apóstolos que jamais pensou que o negaria. E Cristo disse antes do galo cantar tu me negarás três vezes, então sempre peço ao nosso pai misericordioso que não me deixe cair na vaidade de Pedro e errar mais do que qualquer um outro.
            Temos o péssimo hábito de ouvir um elogio ou um verbete pejorativo  e tento esculpir um anjo ou um demônio.
          Aquela pessoa é maravilhosa, e a partir daquele momento eu não a conheço, mas faço a propaganda das suas virtudes.
          Ouço os seguintes adjetivos pejorativos e não sei o porquê aquela pessoa que não tive o privilégio da convivência, abruptamente há uma repugnância e ela se torna uma persona non grata.
            O tempo, o tempo, o tempo... Somente o tempo mostra a verdadeira face.
         E aquela pintura rabiscada que me foi vendida não era sem nota fiscal, era um ser humano valioso repleto de virtudes e defeitos, mas as virtudes compensavam suas características não apreciáveis, é um tesouro de valor incalculável porque sua essência tem virtude angelical.
         Os escritos relatam que as máscaras existem desde a pré-história, quando o homem ainda não havia criado a escrita.
         Hoje, a máscara é usada em bailes, desfile de carnaval, festas à fantasia, e na sociedade em diferentes profissões: os médicos, enfermeiros e dentistas usam máscaras cirúrgicas, protegendo a si e aos pacientes.
            O soldador protege-se das fagulhas com máscara metálica.
            Os bombeiros utilizam máscaras especiais.
         No esporte, o esgrimista, o jogador de futebol americano e o lutador de boxe olímpico não pode entrar em combate sem sua máscara.
            Mas, a máscara também serve para a construção de uma identidade, de um imaginário acerca daquela função na sociedade, o que remete, ainda que de forma longínqua, às antigas máscaras gregas que serviam para dar rosto aos personagens que representavam pela expressão o papel de cada um.
        O mais surpreendente é que, depois de uma minuciosa pesquisa, o enigma continua e só a convivência desmascara.
             Embora eu saiba que o agreste oferta a beleza da flor do mandacaru eu questiono a dureza do seu espinho. E se continuo até hoje com conceitos e preconceitos, é defeito, sou humana.
             Tenha certeza que a vida é bela e a maturidade me fez enxergar sob outro prisma porque a medalha tem verso e reverso.
              Seja o ser com discernimento e não conceitue o que não conhece, pelo menos oportunize o conceito da dúvida.
 
Publicado em: https://www.portalescritores.com.br/texto/6447

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