segunda-feira, 2 de maio de 2016

FLOR-DE-MAIO



É lei, é legislação,  é o fio da meada
É um resto de água, um pouco enlameada.
É  um naco de pão, é trabalho, é sorte
É  hora, é destino, é carta,  sem norte.
É mulungu, é  espinho na entranha
Ao longe um vulto, figura estranha.

É árvore, é folha verde e  seca  na  montanha
É o ciclo da vida, não é façanha.
É o dia dormindo, é o fim da paixão
É a festa, é a farsa, é a emoção.
É a flor florindo, é prosa de sedução
É  flor-de-maio* com fascinação.
É um grito, é o vazio sem solução
É uma cabeça, é um corpo sem chão.

E uma piaba no rio, é uma piaba na lama.
É uma planta,  é uma árvore, é um ser sem cama
Ao longe um vulto  com sonho finito
É  um rosto, um ser  real a contemplar o infinito.

É vaso, é estrume, é uma flor
É um sonho sonhando sem cor.
É uma alga, é uma vida, é o verde
No final do túnel luz desverde.
É o manto negro, a treva chegando
Um novo dia  e o sol iluminando.
Nem eira, nem beira  um sonho a flutuar
Nem um projeto solidário para atuar.

Uma pegada, uma ponte, uma manhã
Nem um pão para o amanhã.
Flor-de-maio despedindo o inverno
E a alma padecendo no inferno.

É lei, é legislação,  é o fio da meada
É um resto de água, um pouco enlameada.
Sem sossego, nem calmaria
Sem trigo, nem fermento, é Mané, é Maria...
Flor-de-maio despedindo o inverno
E a alma padecendo no inferno.

É lei, é legislação,  é o fio da meada
É um resto de água, é um pouco enlameada
Uma pegada, uma ponte, uma manhã
Sem feijão, arroz, banana... Imagine  maçã.
Flor-de-maio despedindo o inverno.
E a alma padecendo no inferno.


Uma pegada, uma ponte, uma manhã
Nem um pão para o amanhã.
Flor-de-maio despedindo o inverno
E a alma padecendo no inferno.



*http://www2.ftd.com.br/cms/siteFTD/pdf/Cartilha_Tem_Hifen.pdf

Nenhum comentário:

Postar um comentário