É um naco de pão, é trabalho, é
sorte
É hora, é destino, é carta,
sem norte.
É mulungu, é espinho na entranha
Ao longe um vulto, figura estranha.
É árvore, é folha verde e seca na montanha
É o ciclo da vida, não é façanha.
É o dia dormindo, é o fim da paixão
É a festa, é a farsa, é a emoção.
É a flor florindo, é prosa de sedução
É flor-de-maio* com fascinação.
É um grito, é o vazio sem solução
É uma cabeça, é um corpo sem chão.
E uma piaba no rio, é uma piaba na lama.
É uma planta, é uma árvore, é um ser sem cama
Ao longe um vulto com sonho finito
É um rosto, um ser real a contemplar o infinito.
É vaso, é estrume, é uma flor
É um sonho sonhando sem cor.
É uma alga, é uma vida, é o verde
No final do túnel luz desverde.
É o manto negro, a treva chegando
Um novo dia e o sol iluminando.
Nem eira, nem beira um sonho a flutuar
Nem um projeto solidário para atuar.
Uma pegada, uma ponte, uma manhã
Nem um pão para o amanhã.
Flor-de-maio despedindo o inverno
E a alma padecendo no inferno.
É lei, é legislação, é o fio da meada
É um resto de água, um pouco enlameada.
Sem sossego, nem calmaria
Sem trigo, nem fermento, é Mané, é Maria...
Flor-de-maio despedindo o inverno
E a alma padecendo no inferno.
É lei, é legislação, é o fio da meada
É um resto de água, é um pouco enlameada
É um resto de água, é um pouco enlameada
Uma pegada, uma ponte, uma manhã
Sem feijão, arroz, banana... Imagine maçã.
Flor-de-maio despedindo o inverno.
E a alma padecendo no inferno.
Uma pegada, uma ponte, uma manhã
Nem um pão para o amanhã.
Flor-de-maio despedindo o inverno
E a alma padecendo no inferno.
*http://www2.ftd.com.br/cms/siteFTD/pdf/Cartilha_Tem_Hifen.pdf
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