O despertador deu o ar da
graça às 4h15min, acordo meio atordoada e tateando o desligo, e também o
aparelho RESMED. – Tenho apneia – Imediatamente volta a consciência que é hora
de levantar para pegar o ônibus para o trabalho, e que desespero não consigo
mais levantar. Imediatamente vem a mente que minha “mãe dormiu e quando acordou
estava paraplégica em virtude de um AVC”. Tento levantar e mais uma vez não
consegui, minha alma gelou, chamei o meu filhote.
- A senhora me chamou?
- Sim – respondo com uma voz
fraca e trêmula.
- Dengosa? - Ele sorriu alto
e disse levanta é hora, com sua cara risonha de quem tira onda.
Estendeu-me as mãos e com muito esforço
consegui levantar. Vou com passos meio trôpegos ao banheiro, mas não consegui
nem tirar a roupa, nem abrir o chuveiro, como estava o tempo passando ouvi a
voz de meu anjo:
- Precisa de ajuda?
- Sim.
O tempo se
esvai porque vejo o sol invadir o telhado e com muito sacrifício termino o
banho e visto o mínimo de roupa possível e retorno para a cama com a sensação das pernas de elefanta... Vou resumir dói da unha do pé a
mandíbula.
Esqueci-me
a única coisa que eu não sinto doer é a língua. Acredite: “AHAHA”, “KKKK” ou (“rs”).
Neologismo, verbetes, palavras que talvez daqui a mais um século apareça no dicionário
Aurélio Buarque como representação das minhas gargalhadas e de outros.
Por coincidência aquele dia
era 13 de novembro de 2015, sexta-feira.
Um mosquito que me beijou sem permissão. Apaixonou-se. Eis a minha trajetória:
No fim do dia estava quebrada como arroz de quinta e
com meus botões acredito porque moro no Brasil, Nordeste, Alagoas, a cidade que
Graciliano Ramos adotou como sua, porque de nascimento era de Quebrangulo e de
coração Palmeira dos Índios, uma cidade bela que eu amo de paixão e que falta
água desde 2009 com frequência nas quatro estações, acredito que um trabalho
efetivo pode até não ser impossível de realizar, mas vai ser complicado, porque
armazenamos água em caixas e muitas delas sem tampa. Hoje sou uma das vítimas
de uma das doenças do momento: Dengue? Zica? Chikungunya?
Hoje são sete de dezembro de
2015, não sei qual o diagnóstico, sei que até para escrever estou com muita
dificuldade.
- O que sei? Nada. Descrevo os
meus sintomas:
Febre
repentina acima de 39 graus, (um dia) dor de cabeça, dor nos músculos,
dor nos ossos, dor nas articulações, dor nos pés que não consigo subir degraus,
nem calçadas, prostração, fraqueza, câimbras, dormências e inchaço nos tornozelos,
nos braços, tontura, oscilação de pressão e mais quebrei vários copos,
pratos, tigelas e derrubei outros objetos com menos e mais de duzentos gramas.
Após tudo
isso...
Hum! E se
eu encontrar uma cédula de cem reais? Hipótese. Talvez a deixe onde encontrei
porque posso até me agachar... Levantar? Quando eu encontrar sei a resposta.
Não sei
mensurar o tamanho da minha dor, porque o meu sofrimento, às vezes, reflito no
semblante, é invisível aos olhos dos outros.
Estou
ludibriando as dores porque faz parte da vida – como felicidade, sonho,
esperança, amor... Não adianta pegar atalhos, porque ela termina nos abraçando
forte.
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