segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

QUANDO A LINGUAGEM “IN-FORMAL” “IN-CORRETA” ESTÁ CORRETA


Quanto às escolhas, sou mulher, multiplicadora de vidas, quanto aos meus filhos não os escolhi nas prateleiras verificando a validade, o destino me ofertou três bênçãos, meus orgulhos, meus anjos, resumindo meu patrimônio, que são como o cedro do Líbano, raízes fortes que quando se depara com pedras não param simplesmente continuam a crescer em volta da rocha.
Gilmar Anderson, Glaydson Emmanuel e Luann Allan minha descendência que receberam e me devolverão amor, ouço e vejo pequenas coisas nos reflexos dos conceitos de certo e errado que envaidece minha essência maternal.
Sou uma pessoa privilegiada dos deuses, sou descendente de índio e tenho um mecanismo de defesa que vai além de mim e muitas coisas passam desapercebidas, porque estou em outra dimensão.
Que enigma!
Deixa para lá, Freud não existe mais para explicar, deve ter outro profissional que saiba que fenômeno é este que me acomete.
QUANTAS PESSOAS olham de um para outro e criticam de forma destrutiva com um olhar, um risinho sarcástico ou até com imitações da minha linguagem de maneira  pejorativa, com sotaque ridículo.
E o mais surpreendente, aquela categoria de críticos, diga-se de passagem,  sem formação para tal, são professores, são educadores, que formam cidadãos para vida e deveria incentivar o falar correto.  Eu não sei qual metodologia aplicam nas suas vidas,  citarei  alguns gramáticos tais como: Ivanildo Bechara,  Câmara Cascudo, Pedro Luft...
Eu ratifico o que os linguistas conceituam desde que haja entendimento, há comunicação, portanto tudo está certo, nada errado.
Para mim, Genuzi, todo mundo fala certo porque eu tive a oportunidade de ler um pouco mais, dedicar mais tempo a literatura clássica, estudar mais e respeitar o outro que não teve as mesmas oportunidades e ter a formação acadêmica ou  viajar no mundo da leitura.
E mais: condição sou paulista de nascimento, opção sou nordestina, não sou do norte, sem preconceito de região, sou da região nordeste, para esclarecimento. Ih! Outro preconceito esclarecimento – fora do contexto, que fazer?
Para que complicar? Entenderam? Não? Talvez...
Tantas interrogações e nada de respostas.
Será que sou de um outro planeta? Não, jamais. Sou do planeta terra.
Que idéia estapafúrdia!
Se não existe falar errado, por que ensinar? Qual o sentido de ser professor?
Você que ler a minha crônica não imagine que sou tipo abalizadora, que vivo a avaliar ou julgar os méritos ou faculdades alheias, simplesmente,  sou estudante e pesquisadora da linguagem pois a  gramática para mim é como o País de Alice.
Que recompensa passear no mundo do conhecimento e distinguir os verbetes e sua classificação gramatical, analise segundo o sentido denotativo, isto me encanta, me fascina, me leva ao estágio da eterna curiosa, vejamos a palavra:
Manga – é um fruto. Substantivo
Manga – de camisa. Substantivo
Manga – de outra pessoa. Verbo.
Perceberam a riqueza do conhecer a palavra?
E você que é professor, facilitador, especialista, mestre, doutor ou somente um curioso da linguagem, que importa? Use e abuse da linguagem e se aperfeiçoe mais com as frases simples corretas com regências, colocações pronominais...
Assisti ao filme.
Não se esqueça de mim.
Empreste-me o livro de português.

Parar por aqui, o que não falta é frase, acrescente a sua. Eu permito.
Na maioria das palestras ouvimos a expressão: “Enquanto servidor”...
Esta expressão é a novidade das palestras e usa-se sem sentido: "Enquanto servidor..."
O que posso dizer? - Quando completares o teu tempo será o “servidor inativo”.
Voltando a realidade, lembra-se? “Estou enviando”, “estou encaminhado”, “estamos analisando”, “estamos aguardando”, “estamos providenciando”... Frases típicas de marketing e do serviço público.
O uso exagerado do gerúndio está absolutamente difundido e a esse fenômeno  chamamos de  endorreia.
O uso da palavra se generaliza e até mesmo se oficializa.
O poema Pronominais nos mostra um pouco da diversidade da linguagem formal e da linguagem coloquial.
Oswald de Andrade faz uma referência que existem dentro da língua portuguesa formas divergentes de uma mesma idéia e não existe uma maneira certa ou errada para se expressar.
Aproveitando e parafraseando Oswald: Te daria um copo de água, se pudesse.
- Opa, não se inicia frase com pronome oblíquo. O correto seria: Dar-te-ia um copo de água, se pudesse. 
Neste caso, emprega-se a mesóclise, pois o verbo está no futuro do pretérito.
Esqueci-me sou ativista propago a prevenção as drogas lícitas, portanto ofereço água, que significa vida.
Se falares corretamente não acrescentarás nenhum centavo ao salário, mas não deixa de ser preocupante observar  que as pessoas minimizaram a escrita, usando, por exemplo, "vc", qdo, e outros palavreados nas redes sociais e as instituições de ensino como proceder e concorrer com a tecnologia?
Não posso deixar de questionar será que falar e escrever corretamente é da elite ou de alguém que vive fora do contexto?
A comunicação é tão importante pode ser de qualquer região, vou concordar com Exupéry que “Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.” 

Faço do escrito de Clarice Lispector o preceito: “O amar os outros” é tão vasto que inclui até o perdão para mim.

Um comentário:

  1. Concordo muito contigo! Nem teria como discordar. Pena é que nem todos têm esse senso crítico. Se soubessem o quanto essa diversidade torna mais rica a nossa língua, a nossa linguagem! Curiosamente, escrevi sobre isso há algum tempo:
    http://www.edutrindade.com/2009/12/nos-e-as-palavras.html

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